No fim de tudo,
Maíra, é a palavra que derrama da pena.
Alice, é o sabor que enfraquece na boca.
Cíntia, é o tato firme sob minhas mãos.
São as mulheres a emenda em minha vida.
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Medo
Que não confesso a ninguém,
nem a mim mesmo:
Me ponho de pé, longas horas,
encarando as luzes nesse quarto,
não porque gosto da noite,
mas porque temo assustadoramente a escuridão.
Diário
Tenho andado de coração mais leve, de cabeça vazia. Os anos vieram e não me sinto, ainda, mais sábio, mais preparado ou mais perto do fim dessa jornada - não de vida, mas de conquistas. Parece que hoje, como há dez anos atrás, estou a ter que inciar ainda muitos estudos e viagens, mas me pego infantil e tolo, fazendo piadas para que ela sorria ou escrevendo por sobre as margens para transgredir mais uma norma.
Temo pela saúde e pelo sustento de minha mãe, pelo amor de meu pai. Em meio a eles, tudo o que restou foi esse trapo a quem chamam: "meu filho". Sujeito imaturo e fracassado, dado à música e à escrita, sem feitos, frutos ou graduações.
Seu irmão, homem forte e feito que é, lhe faz lembrar a todo instante em que tipo está se tornando. Mesmo com todos os tropeços que cometera, ganha a vida, alimenta e educa sua filha. Ele mesmo nada possui.
Me perdendo assim a falar de mim mesmo na terceira pessoa, me faço rir. Mr. Mojo Rising, repetidas vezes ecoando pelo quarto. O que fará agora? Guardar a pequena caderneta na qual deposita suas palavras, cobrir-se com um fino lençol que não lhe incomode na pele, fechar os olhos. Adormecer e em sonhos distrair-se um pouco. Pela manhã mentir para si mesmo que os planos certos são estes, que todo o restante há de se acertar. Negar ainda mais um pouco a idéia de abandonar a futura escola de teatro para poder começar a ganhar algum dinheiro. Negar ainda mais a certeza de que dentro de menos de um trimestre terá que voltar à universidade, amargando já pelas futuras aulas que irá ministrar.
Uma última olhada no relógio, outra no céu - para perceber que começa já a amanhecer. Guarda sua caderneta e apaga as luzes. Então, tudo lhe é alheio... E ainda não venceu seu medo da escuridão.
Temo pela saúde e pelo sustento de minha mãe, pelo amor de meu pai. Em meio a eles, tudo o que restou foi esse trapo a quem chamam: "meu filho". Sujeito imaturo e fracassado, dado à música e à escrita, sem feitos, frutos ou graduações.
Seu irmão, homem forte e feito que é, lhe faz lembrar a todo instante em que tipo está se tornando. Mesmo com todos os tropeços que cometera, ganha a vida, alimenta e educa sua filha. Ele mesmo nada possui.
Me perdendo assim a falar de mim mesmo na terceira pessoa, me faço rir. Mr. Mojo Rising, repetidas vezes ecoando pelo quarto. O que fará agora? Guardar a pequena caderneta na qual deposita suas palavras, cobrir-se com um fino lençol que não lhe incomode na pele, fechar os olhos. Adormecer e em sonhos distrair-se um pouco. Pela manhã mentir para si mesmo que os planos certos são estes, que todo o restante há de se acertar. Negar ainda mais um pouco a idéia de abandonar a futura escola de teatro para poder começar a ganhar algum dinheiro. Negar ainda mais a certeza de que dentro de menos de um trimestre terá que voltar à universidade, amargando já pelas futuras aulas que irá ministrar.
Uma última olhada no relógio, outra no céu - para perceber que começa já a amanhecer. Guarda sua caderneta e apaga as luzes. Então, tudo lhe é alheio... E ainda não venceu seu medo da escuridão.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
The Raven, by Edgar Alan Poe
Once upon a midnight dreary, while I pondered weak and weary, Over many a quaint and curious volume of forgotten lore, While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping, As of some one gently rapping, rapping at my chamber door. `'Tis some visitor,' I muttered, `tapping at my chamber door - Only this, and nothing more.' Ah, distinctly I remember it was in the bleak December, And each separate dying ember wrought its ghost upon the floor. Eagerly I wished the morrow; - vainly I had sought to borrow From my books surcease of sorrow - sorrow for the lost Lenore - For the rare and radiant maiden whom the angels named Lenore - Nameless here for evermore. And the silken sad uncertain rustling of each purple curtain Thrilled me - filled me with fantastic terrors never felt before; So that now, to still the beating of my heart, I stood repeating `'Tis some visitor entreating entrance at my chamber door - Some late visitor entreating entrance at my chamber door; - This it is, and nothing more,' Presently my soul grew stronger; hesitating then no longer, `Sir,' said I, `or Madam, truly your forgiveness I implore; But the fact is I was napping, and so gently you came rapping, And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door, That I scarce was sure I heard you' - here I opened wide the door; - Darkness there, and nothing more. Deep into that darkness peering, long I stood there wondering, fearing, Doubting, dreaming dreams no mortal ever dared to dream before; But the silence was unbroken, and the darkness gave no token, And the only word there spoken was the whispered word, `Lenore!' This I whispered, and an echo murmured back the word, `Lenore!' Merely this and nothing more. Back into the chamber turning, all my soul within me burning, Soon again I heard a tapping somewhat louder than before. `Surely,' said I, `surely that is something at my window lattice; Let me see then, what thereat is, and this mystery explore - Let my heart be still a moment and this mystery explore; - 'Tis the wind and nothing more!' Open here I flung the shutter, when, with many a flirt and flutter, In there stepped a stately raven of the saintly days of yore. Not the least obeisance made he; not a minute stopped or stayed he; But, with mien of lord or lady, perched above my chamber door - Perched upon a bust of Pallas just above my chamber door - Perched, and sat, and nothing more. Then this ebony bird beguiling my sad fancy into smiling, By the grave and stern decorum of the countenance it wore, `Though thy crest be shorn and shaven, thou,' I said, `art sure no craven. Ghastly grim and ancient raven wandering from the nightly shore - Tell me what thy lordly name is on the Night's Plutonian shore!' Quoth the raven, `Nevermore.' Much I marvelled this ungainly fowl to hear discourse so plainly, Though its answer little meaning - little relevancy bore; For we cannot help agreeing that no living human being Ever yet was blessed with seeing bird above his chamber door - Bird or beast above the sculptured bust above his chamber door, With such name as `Nevermore.' But the raven, sitting lonely on the placid bust, spoke only, That one word, as if his soul in that one word he did outpour. Nothing further then he uttered - not a feather then he fluttered - Till I scarcely more than muttered `Other friends have flown before - On the morrow he will leave me, as my hopes have flown before.' Then the bird said, `Nevermore.' Startled at the stillness broken by reply so aptly spoken, `Doubtless,' said I, `what it utters is its only stock and store, Caught from some unhappy master whom unmerciful disaster Followed fast and followed faster till his songs one burden bore - Till the dirges of his hope that melancholy burden bore Of "Never-nevermore."' But the raven still beguiling all my sad soul into smiling, Straight I wheeled a cushioned seat in front of bird and bust and door; Then, upon the velvet sinking, I betook myself to linking Fancy unto fancy, thinking what this ominous bird of yore - What this grim, ungainly, ghastly, gaunt, and ominous bird of yore Meant in croaking `Nevermore.' This I sat engaged in guessing, but no syllable expressing To the fowl whose fiery eyes now burned into my bosom's core; This and more I sat divining, with my head at ease reclining On the cushion's velvet lining that the lamp-light gloated o'er, But whose velvet violet lining with the lamp-light gloating o'er, She shall press, ah, nevermore! Then, methought, the air grew denser, perfumed from an unseen censer Swung by Seraphim whose foot-falls tinkled on the tufted floor. `Wretch,' I cried, `thy God hath lent thee - by these angels he has sent thee Respite - respite and nepenthe from thy memories of Lenore! Quaff, oh quaff this kind nepenthe, and forget this lost Lenore!' Quoth the raven, `Nevermore.' `Prophet!' said I, `thing of evil! - prophet still, if bird or devil! - Whether tempter sent, or whether tempest tossed thee here ashore, Desolate yet all undaunted, on this desert land enchanted - On this home by horror haunted - tell me truly, I implore - Is there - is there balm in Gilead? - tell me - tell me, I implore!' Quoth the raven, `Nevermore.' `Prophet!' said I, `thing of evil! - prophet still, if bird or devil! By that Heaven that bends above us - by that God we both adore - Tell this soul with sorrow laden if, within the distant Aidenn, It shall clasp a sainted maiden whom the angels named Lenore - Clasp a rare and radiant maiden, whom the angels named Lenore?' Quoth the raven, `Nevermore.' `Be that word our sign of parting, bird or fiend!' I shrieked upstarting - `Get thee back into the tempest and the Night's Plutonian shore! Leave no black plume as a token of that lie thy soul hath spoken! Leave my loneliness unbroken! - quit the bust above my door! Take thy beak from out my heart, and take thy form from off my door!' Quoth the raven, `Nevermore.' And the raven, never flitting, still is sitting, still is sitting On the pallid bust of Pallas just above my chamber door; And his eyes have all the seeming of a demon's that is dreaming, And the lamp-light o'er him streaming throws his shadow on the floor; And my soul from out that shadow that lies floating on the floor Shall be lifted - nevermore! |
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Poem
Take the high road,
the devil's eye,
all of us, mankind,
drifting towards the last remaning light.
I put a thousand miles,
under my wheels,
yet and still, too close,
to you I feel.
So come, pull the sheet
over my eyes
the devil's eye,
all of us, mankind,
drifting towards the last remaning light.
I put a thousand miles,
under my wheels,
yet and still, too close,
to you I feel.
So come, pull the sheet
over my eyes
so I can sleep tonight,
despite of what I've seen today.
I find you guilty of a crime,
of sleeping at a time
when you should've been
wide awake.
despite of what I've seen today.
I find you guilty of a crime,
of sleeping at a time
when you should've been
wide awake.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Empilhar livros e nunca conseguir as respostas.
As pessoas, sempre tão cheias de si, esquecem que não importa o quanto elas corram, no final das contas, nos deitamos todos iguais. Perseguir os sonhos é para os idiotas, as grandes desventuras e criações dos gênios vêm até eles naturalmente. Tentar ser grande, esperar que batalhando pela vida (e contra a vida) você acabe se tornando alguém é apenas mais um mentira gostosa de acreditar. Nunca se perguntar que impulso é esse que te move, não fechar os olhos nunca, mas nunca olhar na direção da verdade. Precisar de muitas coisas e acumular tudo que puder parece ser a grande premissa desse ciclo. E todos os homens e todas as mulheres que engolem a seco os dias, são homens e mulheres infinitamente melhores que eu. Nenhum dos meus tão profundos devaneios tirou a fome do meu corpo - ou me deu respostas para qualquer coisa.
Questionar tudo isso não te leva a lugar algum. Perguntar não te traz as respostas. Se sentir deslocado não te faz especial ou, tão pouco, genial. Na maior parte das vezes "não se encaixar" é só um sinal da sua incompetência, falta de maturidade, fraca força de vontade ou da sua imensa teimosia. Os grandes homens estão aí fora, todo o tempo. Você, fracassado que é, os observa relutante em aceitar que, com tantos livros ao seu redor, você nunca foi capaz de crescer ou conquistar tanto quanto eles. Se morde de inveja e se agarra em suas páginas, usando tudo que lhe resta de força para acreditar que algum desses autores pode lhe dar qualquer resposta.
Questionar tudo isso não te leva a lugar algum. Perguntar não te traz as respostas. Se sentir deslocado não te faz especial ou, tão pouco, genial. Na maior parte das vezes "não se encaixar" é só um sinal da sua incompetência, falta de maturidade, fraca força de vontade ou da sua imensa teimosia. Os grandes homens estão aí fora, todo o tempo. Você, fracassado que é, os observa relutante em aceitar que, com tantos livros ao seu redor, você nunca foi capaz de crescer ou conquistar tanto quanto eles. Se morde de inveja e se agarra em suas páginas, usando tudo que lhe resta de força para acreditar que algum desses autores pode lhe dar qualquer resposta.
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