domingo, 17 de abril de 2011

Em busca de um teatro pobre

Não escrevo mais... Sentir que me levo comigo aonde quer que eu vá já me basta. Não me dou mais àqueles exercícios intelectuais. Leituras profundas e releituras de outrem; não, nada disso. Agora exploro o campo do sentir no corpo, do calor e do frio, da boa postura e da má conduta, da barba grande, do cabelo encaracolado comprido - e da perda de qualquer charme -, da dança, do canto, do pé no chão, do transmutar-me em água, luz e lentidão, da nota dada ainda invisível, sou todo tato e olfato e silêncio - e grito. Agora bamboleio, a priori, a posteriori , apenas formulo e aplico, leio e experimento. Quero conectar-me com essa parte esquecida de mim, este eu corpóreo e carnal; quero abraçar-me todo, cuidar de mim, jogar-me na beira e quase cair, salvar-me e doar um pouco menos de mim. Alcançar a tensão máxima, o samadhi, quebrar esta máscara inata, dissolver esta persona que me foi incutida sem qualquer consentimento - libertar-me da prisão do "eu". Ser poeta mais fingidor. Jogar. Gingar. Baloiçar. Aprender a atuar.

Minha mais nova paixão é o teatro.

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